“Em um inverno rigoroso e muita neve, por que não aproveitá-l0s para conservar alimentos? Foi pensando nisso que a população japonesa do distrito de Abukuma desenvolveu uma técnica de conservação com neve, o shimi. Não vamos esquecer que não havia geladeira na época e que nevava bastante!

Como fazem o shimi?

Os alimentos são pendurados e começam a desidratar durante o inverno, perdendo água por conta do frio extremo. Os nabos (daikon) são os mais utilizados para desidratação, mas podem ser feitos com tofu (queijo de soja prensado) e mochi (bolinho feito com massa de arroz)

Quando desidratados, os alimentos ficam mais saborosos e aromatizados, dando um toque especial nas preparações, como é o caso do shimi-daikon (foto abaixo).

O shimi-daikon é um nabo conservado com o shimi e possui muito umami. Chamamos de quinto sentido do paladar e intensifica a sensação de prazer quando comemos.

Como comer o shimi-daikon?

Ele vai bem com um prato muito querido pelos japoneses, o Nishime. É um guisado que pode ter cenoura, inhame-japonês (nagaimo), raiz de lótus (renkon), broto de bambu (takenoko), cogumelos, peixe (ou massa de peixe, tikuwa) e batata konnyaku. Geralmente, é muito consumido no final do ano e contem os alimentos que acreditam trazer boa sorte. Nada como começar o ano com o pé direito!

Porém nem tudo são flores…

A cultura do shimi e a sabedoria milenar do povo de Abukuma quase se perdeu durante um grande terremoto no ano de 2011. Os habitantes tiveram que deixar a região e migraram para Fukushima.

Seria o fim do shimi?

E como o espírito japonês não é facilmente abalado, a agricultora Tomiko Watanabe teve uma brilhante iniciativa de unir outras agricultoras para manter viva a tradição de Abukuma e criou o projeto “O Poder das Mães” (Ka-tyan no Chikara Project).

E o mais incrível é saber que esse conhecimento está sendo passado a gerações futuras, como podem ver nesse vídeo abaixo, que fala sobre tudo que foi comentado aqui e um pouco mais (está em inglês)!

 

 

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